quarta-feira, fevereiro 16

Há que rir

Há aqueles sujeitos de cara enfronhada, que sabem tudo da Política, das Artes, da Literatura, que nos explicam as razões da China e as do Paquistão, o futuro do Iraque, as finezas de Célan, a pintura de Kokoshka. ...
Vêmo-los na têvê, às vezes a má sorte faz-nos sentar à mesma mesa. Humor desconhecem, com eles tudo é azedume, seriedade, muito inchaço, arrogância e elevada a opinião de si mesmos, a ponto que nos perguntamos se, de tanta tesura, os seus órgãos ainda mantêm as funções animais do defecar e da micção.
Seja como for, o avisado é evitá-los e, sobretudo, não cair na armadilha de fazer como eles e levarmo-nos muito a sério, mesmo quando os amigos dizem que temos jeito para a mecânica ou sabemos de Astronomia.
Por isso deixo aqui estas fotografias que me divertiram.
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terça-feira, fevereiro 15

O país real

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Num discurso proferido em 1967 afirmou Salazar que: "Sempre houve pobres, sempre os há-de haver, é preciso que os haja". Ignoro se o ditador se referia apenas ao país, ou alargava essa sua visão ao mundo inteiro.
De qualquer modo, rememorando a frase, ocorre-me também dizer que em Portugal sempre houve ricos, sempre os há-de haver, é preciso que os haja. Temos necessidade deles para podermos mostrar a imagem do país real, o país que come bem e traja chique, usa Rolex no pulso, tem Bentley e chofer, vai a Miami com mais facilidade e conforto do que você e eu chegámos a Oeiras. O país que, juntamente com o que temos de Património Mundial, o Vinho do Porto, as praias do Algarve, e a carne do porco preto alentejano,  é nossa obrigação mostrar ao mundo.
A pequena burguesia com as suas hipotecas e os pobres com as suas necessidades, embora formem o grosso da população não representam o Portugal verdadeiro, o das epopeias, o Portugal audaz, empreendedor e enérgico, dinâmico. São classes que constantemente se atrasam na História e no desenvolvimento, sem ousadia para a luta, sem visão. São a massa dos fiéis das Igrejas, os simples que gritam nas revoluções e fazem o V com os dedos.
Delas pouco ou nada há a esperar, são gente que, nascida subalterna, se acomoda aos revezes dizendo que é o Destino. Melhor seria se tomassem o elevado exemplo que dão os senhores empreiteiros, capazes de gerar fortunas como por mágica; os senhores políticos, que com argúcia tomam um país inteiro por conta; ou os senhores da banca, abençoados de Mercúrio e tão capazes nas versões financeiras da multiplicação dos pães.
Esses, sim, nesses corre a seiva que torna grandes as nações, e bem merecem que se lhes eleve uma estátua. A plebe que os acusa, insulta, e deseja que vão para o Inferno, melhor faria em estudar-lhes as qualidades.

segunda-feira, fevereiro 14

Biblioteca Pública de Amsterdam/ Openbare Bibliotheek Amsterdam

Passei aqui a manhã, sonhando que bom seria se em todas as cidades houvesse uma assim.

domingo, fevereiro 13

Rappers

Os bisnetos do Alpedrinha

"Alpedrinha era meridional, das nossas terras palreiras da vanglória e do vinho."
Teodorico Raposo conheceu-o no Cairo e depois em Jerusalém. Os bisnetos deste Alpedrinha são actualmente eurodeputados em Bruxelas.
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Tradução livre do título: "Países pequenos, grande palavreado."
"Número médio dos discursos de cada eurodeputado por país membro."

Fonte: Elsevier, 12.02.2011

sábado, fevereiro 12

Beijo à moda do Porto

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É o semanário da ANWB, o Automóvel Clube dos Países Baixos, e com 3.7 milhões de assinantes a maior revista do país. Com o Porto na capa, e em subtítulo a conhecida actriz Katja Schuurman a confessar que foi no Porto, aos doze anos, que um Ricardo da mesma idade lhe deu o primeiro beijo, não falha, corre-se a folhear.
Lá está a Livraria Lello, a Casa da Música, a Ponte D. Luís, etc… Mas lê-se o texto e conclui-se que a infantil troca de beijos teve na actriz desnorteantes e perduráveis consequências. Quando o jornalista quis saber a razão da sua simpatia pela Invicta, a resposta veio pronta:
- A América Latina sempre me fascinou.
Aos doze anos, ou depois, beijos desses põem qualquer um sem bússola e a sonhar acordado.

sexta-feira, fevereiro 11

Analistas


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 É velho hábito, este que tenho de ler os analistas políticos das variadas cores que opinam sobre os males da nação e apontam os remédios necessários para a cura. Leio-os, e todos me transmitem o mesmo sentimento de melancolia que dão as conversas de café.
Estou certo de  que a sua prosa é ditada por genuínas raivas, e ressentem fundo (alguns) a urgência de cautério na podridão da política nacional. Mas sei também, e eles sabem-no melhor do que eu, como na  sociedade portuguesa são passageiras as fúrias, sem número as cumplicidades, que se vai adiando de geração para geração a necessária cirurgia.
Ficamo-nos pelas análises, pelo palavreado, é verdadeiro mistério que, ao contrário do que sucede na Natureza, na nossa sociedade tudo se perca e nada se transforme.
Vivemos numa espera sem esperança, entretidos a imaginar como seria se…, culpando a revolução que espalhou o maná por poucos, culpando a Europa que nos tirou da miséria mas quer de volta o empréstimo e ainda por cima juros. Somos o país de Nossa Senhora, do Euromilhões, dos amanhãs que não chegam.
Custa dizê-lo, e doam-se como a mim dói: aos olhos de muitos Portugal é um país que dá pena, um país coitadinho.

quinta-feira, fevereiro 10

Familiaridades


Não faço ideia de como você encara estas coisas, mas eu venho do tempo do respeito, do respeitinho, das diferenças, das desigualdades, do medo e da ditadura. Recordo-me de já ser crescidote e ver anciãos tirar o chapéu a um ou outro graúdo e acrescentar à vénia um “Tenha Vossa Incelência muito boa tarde”.
Falo do tempo em que havia macacos grandes e pequenos, uns mais habilidosos, outros desajeitados, mas, e isso era de grande conveniência, não somente ficava cada um em seu galho, como sabia de cor e salteado as regras do comportamento.
Falo da antiguidade, anterior em séculos à democracia dos cravos, das curiosas igualdades que com eles floriram, mas não vamos começar agora com comparações nem insultos à “tenebrosa noite fascista”. O passado passou, e de mudanças já Camões disse o preciso. O que vem ao caso, porque me causa espécie, é ter-se perdido a arte de tomar chá em pequeno e se criou a ilusão bacoca de que comemos todos à mesma manjedoura.
É falso, mas não se diz em voz alta. Há que ser moderno e adoptar a familiaridade tosca dos simplórios.
Oiça: você que nunca me viu, não conhece de parte nenhuma, se se quer dirigir a mim e ter resposta, faça-o com boas maneiras. Talvez não saiba, mas digo-lho eu: na vida real não há Facebook.

quarta-feira, fevereiro 9

Contas

Desde que me conheço oiço dizer que há beleza na Matemática, poesia na Álgebra, que com  equações se explicam uns quantos segredos do Universo, etc. Tenho a certeza de que assim é, pois a maioria dos que isso afirmam sabem do que falam e provam-no com toda a espécie de maravilhas, a sua ciência voa para lá de Marte e a alturas que desnorteiam o comum.
Quem como eu, nesse particular, caminha ao rés do chão, entretém-se a imaginar que há mistério nos números, que o 13 umas vezes é azarento, outras dá sorte, que com 666 se invoca o Demónio, que o momento fasto para preencher o formulário do Euromilhões é quando o relógio bate o meio-dia.
Dito isto, ocorre-me um outro assunto: a ubiquidade da Internet como que matou o gosto de contar anedotas. Começa você uma e logo o amigo diz que já conhece, leu-a ontem no blogue de fulano.
De modo que não vou arriscar anedota, e isto é capaz de só ser novidade para poucos, mas ao ligar o computador apareceu-me este mistério, que de boa vontade partilho, acrescentando um pedido: haverá por aí alguém que possa explicar? Grato de antemão, pois para quem não entende de números dá dor de cabeça.

We are going to have 4 strange dates
this year: 1/1/11, 1/11/11, 11/1/11, and 11/11/11.
A lot of 1's and 11's - right? Here comes the strange thing...
Take the last two digits of the year you were born
and add it to the age you will be this year
and you should get 113.
(Someone must have had a lot of time to
work that out .... or mathematical genius!)
(escreva os dois últimos algarismos do ano em que nasceu, junte os da sua idade este ano. O resultado é 113).