Faz tempo raro passa dia que não apareça alguém com a catequese. Hoje foi um casalinho. Vieram eles e os dois miúdos, assim que os felicitei pela boa aparência explicaram logo que lá em casa há muito que é tudo "biológico" e "verde", o que comem compram-no a um velhote que só a eles vende e não quer que se saiba, ou a uma mulherzinha que tem uma horta e cultiva tudo à moda antiga, genuíno e puro, sem químicos, sem porcarias. Então o pão que ela amassa em água de nascente com as próprias mãos e coze num forno de lenha, só provando se acredita.
Oiço, sorrio, já nem encolho os ombros. A nova classe dos "puros" olha desdenhosa para o lumpenproletariat que só pode pagar a porcaria que sai das fábricas e não tem consciência de que contribui para destruir o planeta.
Ninguém se zangue, tome a mal, pense que lhe aponto o dedo. Sou pela liberdade.