quinta-feira, outubro 15

À espera que nos oiçam

(Clique)

É estranha, mas compreensível, a decepção que segue à pergunta que nos fazemos (pelo menos eu faço) sobre o propósito, a utilidade, o interesse deste comunicar com anónimos e estranhos que nos encontram ao acaso de um clique, ou quando por descuido o dedo mexe na tecla errada.
Antigamente levava o vento as palavras em certa direcção, iam por carta ou telegrama, mas nunca mais longe do que o outro lado do planeta. Hoje vão para toda a parte, chegam talvez às luas de Saturno, onde, se lá há gente ou andróides, me pergunto, no caso de que as entendam, o que com elas farão.
O mais certo é que nada. Mas por cá não paramos de comunicar, cheios de convicções e certezas, esperançado de que alguém nos oiça, supondo grande, importante, única, a abençoada Terra. E nós os seus privilegiados moradores
Mas da Terra já Eça de Queiroz n 'A Relíquia nos desiludiu: "A Terra! que é ella senão um montão de cousas pôdres, rolando pelos céus com basófias d'astro?"