quarta-feira, março 25

Os avatares de Georgina

(Clique)
Se alguém lhe disser que é adultério, traição, ela fará o gesto muito feminino de às mãos ambas tapar a boca, ao mesmo tempo que os olhos se lhe arregalarão de espanto.
Adultério são os encontros clandestinos, a partilha de delírios na cama. Não sendo esse o caso, não havendo, como gosta de anotar com um sorriso maroto, "pecado da carne", limitando-se a brincadeira à troca de mensagens não há mal.
- Ou há? – pergunta ela a sorrir, esperando a minha discordância.
Digo-lhe que de facto não há. Antigamente talvez se pudesse falar de bandalheira, maldade, mas então o mundo era outro, estavam por descobrir as possibilidades do virtual, a palavra avatar significava ainda, e somente, a descida à Terra de um ser divino, enquanto que hoje…
- Diga lá, Georgina, quantos avatares tem?
- Não digo.
- E porque não?
- É segredo.
Quase avó, Georgina sente-se feliz. Vive amores secretos e descobriu que também são virtuais os reflexos do espelho.