Raramente nos queixamos do que dói fundo, e só de longe a longe as palavras ditas traduzem o que nos vai no pensamento. Calculados ou não, são ambíguos os nossos gestos, os nossos olhares. Gastamo-nos nas aparências. Sorrimos sem vontade. Choramos para que se veja. Fingimos zangas, carinhos, temores, afeições, devoções. Enganamos e enganamo-nos.
Uns atrás dos outros, logo de manhã cedo, todos os dias subimos ao palco a imitar a vida.