Quando o meu avô materno construiu a casa, faz cento e dois anos, já a oliveira era velha de séculos. Os ramos tocam a janela e distraio-me a olhá-los, o que de certo modo me ajuda a pensar menos naquilo que me perturba. Que não é muito, nem grave, mas me dá a medida de que, ao contrário do meu antepassado, não nasci para a acção, para realizar, construir, mas para um inútil e cansativo remoer de sonhos.