A culpa é de
Goethe, Thomas Mann e uns quantos ricos. Atrás deles revoadas de pintores,
bandos de fotógrafos. Depois destes, milhões e mais milhões de basbaques que,
no correr do ano, chegam a Veneza e, aos ‘Ohs!’ e ‘Ahs!’ na praça de San Marco,
na Basílica, no Canal Grande, na Ponte dos Suspiros, no palácio dos Doges,
ressentem coisas que, pelos jeitos, só lá se ressentem. Ah! As gôndolas! Ah! O
Rialto! Ah! O Caffé Florian!...
Acontece que, Verão ou Inverno, sol ou névoa, na meia dúzia de vezes que,
por razões várias, fui a Veneza, nem me emocionei, nem se me afinou a
sensibilidade, não tive êxtases.
Levo isso à conta do meu embotamento. Das más experiências que lá tive é melhor
não falar.