sexta-feira, setembro 18

"Meet & Eat" na mansão do Senhor


Como drama os refugiados são tema que, tratado por qualquer de nós – mesmo os muitos e sábios comentadores - fica pelo nível da conversa de café. Ninguém pode prever o que serão as consequências, como o drama a todos irá afectar, que reviravoltas dará a sociedade.
Por enquanto (quase) tudo são congratulações por tanta generosidade, o bom tom é o do politicamente correcto e dos braços abertos.
Isto dito, não me atrevo a mais do que falar do que sei, do que vejo e do que leio. O que sinto e temo guardo-o para mim, não por cobardia, mas para não magoar quem sinta diferente e não tema, mas também porque qualquer discussão ficaria pelo que disse acima: a conversa de café.
Anoto pequenas coisas. Semanas atrás vi fotografias de um ajuntamento de refugiados que caminhava por uma via férrea. Dramático era o detalhe de um homem a empurrar uma cadeira de rodas com um inválido. Mas quantos metros se consegue empurrar uma cadeira de rodas sobre os dormentes da via férrea, antes ela se desconjunte ou o "passageiro" não aguente o martírio?
A manipulação pertence ao nosso tempo, bem sei.
Na Holanda a onda de generosidade estende-se a uma versão particular de "Meet & Eat" e assim cerca de trezentas famílias da cidade de Apeldoorn convidaram refugiados para uma refeição. Mas para que os convidados não se sentissem insultados ou sofressem incómodo, os promotores da iniciativa forneceram instruções: a comida teria de ser Halal; não deveriam ser oferecidas, nem estar à vista, bebidas alcoólicas; as mulheres presentes deviam estar vestidas com decência, usando roupa sem decote e de mangas compridas.
O cidadão holandês de fracos meios chega a estar vinte anos (20) à espera de poder alugar uma habitação social. No momento em que tem os papéis em ordem, o refugiado não só recebe casa, como a encontra mobilada e equipada.
Não adianta continuar a conversa. Ponha-se você no lugar do holandês, e anote para daqui a uns tempos recordar o que escreve um dos comentadores que realmente sabem: "Em 2020 a sociedade neerlandesa será mais dura, mais pobre, sofrendo de conflitos raciais e religiosos que mal se podem prever."