Anseios, sondagens e prognósticos são divertimento, as eleições um rito de missa dominical. Os eleitores do PS, do PSD e dos mais já perderam, a retumbante vitória tem-na assegurada o grande partido que, há quase tantos anos como os da ditadura, se apoderou de Portugal e o suga com métodos que não desmerecem os da Camorra.
É o partido dos almoços de compinchice, dos jantares de homenagem e confraternização, do "vamos arranjar isso", dos jeitos, do desenrascanço. Do "não te esqueças do meu rapaz". Das auto-estradas sem trânsito e das estradas como uma que andam a construir no Nordeste transmontano: duplica a existente, fica-lhe desavergonhadamente paralela.
É o grande partido das múltiplas e gordas pensões de reforma, do clientelismo desaforado, dos cargos inúteis e dos favores que por eles se recebem e com eles se pagam. É o partido-sombra, a cúpola dos partidos para inglês ver, os que alimentam ilusões de melhoria e os sonhos tolos de que basta pedir o maná e ele logo cai.
Amanhã irei votar. Hoje pergunto-me por que o faço.
