quinta-feira, junho 9

Dou graças


Começo o dia dando graças. Pelo bom estado dos ossos que me suportam, pela cabeça que ainda avisa quando asneio, o sol que brilha, os matizes de verde nas encostas, a forma dos rochedos, o rebanho apercebido ao longe, o sorriso trocado, o gosto do café, o carinho que me dão, os amores e as amizades que guardo, os momentos de alegria. Dou graças, mas tudo é passado, pertence ao ontem que não retorna nem se repete.
Contudo, sem saber o que virá hoje, ou se os amanhãs serão sombrios, dou graças. Dou graças desde a memorável madrugada em que descobri ter perdido o medo, e nada, nunca mais, me poderia assustar.