sábado, agosto 16

O meu maior amigo


Há quem os arranje a todo o momento, os tenha desde a primária, desde sempre, há uma vida, e com subtileza, cuidado, sentido utilitário das conveniências, os saiba arrumar em graduações, finamente discernir entre o vagamente conhecido, um amigo, um bom amigo, uma grande amigo, o meu maior amigo, mais o que podem arranjar de permeio.
Isto para dizer da inveja que essa abundância me provoca, pois além de nunca ter sido de muitos amigos, sempre me foi mais fácil perdê-los do que encontrá-los.
Fui pouco de cafés, nada de clubes, capelinhas, igrejas ou tertúlias, e cedo dei conta que para angariar um número respeitável de amigos, além de carácter maleável se necessita também de uma certa arte no manusear o idioma, ser capaz de com a intonação, o gesto, o que com os olhos se exprime, a maneira de premir os lábios, torcer o nariz, dar às palavras aquele duplo ou mesmo triplo significado que é o código necessário para encontrar o bom comprimento de onda.
Falhei nisso mas, embora poucos, tenho amigos e amigas. Do que não sou capaz é de distingui-los por graus. Seria um insulto à amizade.