sábado, fevereiro 28

"Nieuw Amsterdam"

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"Nieuw Amsterdam" 1938  -  "Nieuw Amsterdam" 2014.

sexta-feira, fevereiro 27

Cogito ergo sum?

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De nada adianta dizer estou aqui, em carne e osso, presente, olhos abertos, repetindo que existo. Bem posso gritá-lo, este ou aquele distraidamente dará conta, logo esquecendo, confundindo o meu grito com o seu, imaginando ecos.
Quanto mais tempo existo mais estranha se me torna a percepção do semelhante e de mim próprio, toma-me o receio – de facto o pânico – que vivo a imitar, a supor, iludindo-me que vou por um caminho, negando que há muito não mexo, se é que jamais me dei conta de realmente existir, participar, pertencer.
Sinto-me no mundo, mas acorrentado a ele, estranha cadeia que, embora virtual, é a que mais dolorosamente prende, exigindo a morte como preço da libertação.

quinta-feira, fevereiro 26

quarta-feira, fevereiro 25

O sêlo fiscal

Haverá quem se lembre? Quem tenha saudades dele? - Clique

terça-feira, fevereiro 24

Postais

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O Rossio em 1980 e Vila do Bispo em 1961.

segunda-feira, fevereiro 23

Cartas e confissões

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É tentação que por vezes me toma, mas avisadamente logo afasto, começar aqui uma correspondência aberta, misturando pessoas de carne e osso com personagens inventadas, exclusivamente mulheres, e desse modo semear entre as eventuais leitoras um apetecível frisson, acordando também num ou noutro macho o desejo de aprender a esquecida arte da galanteria.
Os azedos poderão repontar que devo ter juízo, não esquecer os anos, mas a esses direi o que talvez ignorem: o modo de estar na vida tem pouco a ver com a idade e quase tudo com o gosto do risco.
Razão essa de haver  tanto velho de trinta e quarenta, e – julgando pelo que leio e oiço – tanta mulher desesperada de se dar conta que a juventude são dois dias, de como o tempo do entusiasmo, da alegria, dos ardores, dos beijos ao luar, parece, segundo a imagem clássica, que se lhe escapa fugidio como água entre os dedos.
Seria uma correspondência de consolação e gentileza, um trocar de vivências e esperanças, talvez um bálsamo para aquelas horas passadas a sonhar o que poderia ter vindo, ou consolo para o negrume das insónias.
Aqui chegado dou-me conta de que, por deformação profissional, por vezes nem reparo se o que escrevo é o que realmente penso e desejo escrever. Ámen.




sexta-feira, fevereiro 20

O sonho do João

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Em Janeiro de 2011 já aqui tinha anotado o ritual, mas a razão de voltar ao assunto é a súplica de um João que teve a pouca sorte de se encontrar em Haia na boa altura e, tendo por acaso ido à praia de Scheveningen, mal acreditou no que lhe acontecia ao ver-se cercado de uma multidão de celerados (este ano foram mais de 50.000) que, ao som de um apito, desataram a correr para o Mar do Norte.
Como não sabe holandês poderia eu dar uma ajudinha? E encontrar a fotografia da menina que foi considerada a Miss do evento? São pedidos que não se recusam, fora que o João, aos dezanove anos, tem direito a todos os sonhos. Bente Eelman, a Miss, fez dezassete.

Os pavões

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Em certas horas é avisado respirar fundo, encolher os ombros, não nos deixarmos arrastar pelo misto de irritação e desdém que causam os actos dos presunçosos auto-promovidos a opinion leaders, tão inchados de si próprios que me recordam um cônsul brasileiro que conheci em Amsterdam. Indo a um hotel para organizar uma festa, perguntou ao funcionário que o atendeu:
- Quem é o senhor?
- Sou o recepcionista.
- Chame o director! Só discuto de governo para governo.
Tinha lido, ao mesmo tempo que franzia o sobrolho, mas ontem, um jornalista holandês que há muito segue a política portuguesa, dela tem suficiente conhecimento e fala bem a língua, perguntava-me, rindo, que achava eu disto.
Não encontrei resposta, mas palavra que me doeram as cruas verdades que sobre nós tive de ouvir.

quinta-feira, fevereiro 19

The Carbanak Ring

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Terei cegado e não vejo, ou uma notícia destas não interessa aos jornais portugueses?

O que nos salva

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Não há verdades nem certezas. Há impressões, pontos de vista, sonhos, desejos, azares, reviravoltas, saltos de trampolim, deslizes. E nisso se gasta o tempo de uma vida, indo de um amor para o outro, de uma amizade para a seguinte, procurando o que não se alcança, recebendo o inesperado, indo a passo de boi quando há urgência, em corrida desenfreada ignorando os avisos.
Por sobre nós um céu que parece azul porque o Sol brilha, mas de facto é um buraco de negrume absoluto. E isso nos acode e conforta: a ilusão salva-nos do que não saberíamos enfrentar.
 

quarta-feira, fevereiro 18

Também aqui estou

Sylvia Plath (1932-1963)
Há mistério em certas horas da madrugada. Vou distraído de um blogue para outro, de um país para outro, mudando de língua, de impressões, perguntando-me quem será a pessoa que busca  detalhes sobre o A-10 Warthog; que sonhos acalenta Miss Dee, longe em Krasnoyarsk, citando versos de Sylvia Plath, dizendo ao visitante anónimo o seu desejo de um dia passear em Londres.
Salto de um blogue para o seguinte, dando-me a ilusão que vou pelo mundo, tomado de estranheza pelo sem-fim de possibilidades que em aparência se me oferecem, de facto tão só como Miss Dee ou a pessoa que em Alfragide, o dia a nascer, diz a sua zanga sobre "o rescaldo do dérbi".
Voltar a dormir é fraca opção, melhor é aceitar a rotina e, sabendo que a ninguém interessa, mesmo assim dizer ao mundo que também aqui estou.