Agora que são tantos os que têm razão, recordo este caso autêntico:
Getúlio Vargas, presidente do Brasil durante quinze anos, tinha o hábito muito doméstico de despachar com os seus ministros, tendo sempre a esposa a seu lado, ocupada a fazer crochet.
Um tarde entrou no gabinete o ministro das Finanças, apressado e furioso, acusando o colega do Comércio de ser um patife, traficante de primeira, corrupto até à medula.
- Você tem razão, ministro. Vou tratar disso.
Logo depois entra o acusado, também a barafustar que o do Comércio era um bandalho, um vendido, um ladrão.
- Você tem razão, ministro. Vou tratar disso.
O homem a sair e a esposa a perguntar:
- Mas então como é, Getúlio? Têm ambos razão? Não estou a compreender.
- Alzira, você tem razão.