quarta-feira, junho 1

Encontros

(Clique)

À hora do almoço, sentada na mesa ao lado e também sozinha, a jovem mulher ouvia descrente a explicação que, num inglês de seu fabrico, o empregado tentava dar-lhe sobre a feitura e o sabor do bacalhau à Brás.
Encarou-me ela em desespero, dei eu a ajuda precisa, entramos depois em conversa civilizada, ao mesmo tempo que íamos calmamente garfando.
Italiana de Catania, trabalhava em Londres, era a sua primeira visita a Portugal, estava encantada com Lisboa, que não esperava tão alegre e luminosa.
Contei-lhe eu algo da minha juventude em Lisboa, e de como uma vez me tinha atrevido a entrar neste mesmo restaurante, esperançado de entrever um ou outro dos meus ídolos literários  
Despedi-me terminado o café, e fui à minha vida, contente de como podem ser agradáveis os encontros com estranhos. É talvez porque neles, ao invés dos encontros com conhecidos, não temos de baixar a viseira, dispensamos a troca de salamaleques, nada nos obriga ao fingimento.