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Bons missionários eram os de antigamente, que explicavam o
modo como, pagando indulgências, mesmo o pecador entrava no Paraíso e tinha
lugar garantido no seio do Senhor.
Foram-se esses, vieram os da política, prontos na
explicação de como é fácil entrar no céu que tem os centros comerciais por
igrejas e as praias exóticas como lugares de doce penitência.
Essas são as promessas, mas no diário outro galo canta, e
assim, pela Europa fora, os governos fazem quanto podem para que o cidadão aperte
cada vez mais o cinto, nicles promessas de melhoria, desencante-se quem as espera.
Na Grã-Bretanha, uma das nações europeias onde a desigualdade
sempre se fez mais sentir, calcula-se
que 20% dos ingleses não vão ao dentista, arrancam eles próprios os dentes
podres, ou encomendam um kit para reparações dentais à firma DenTek, que no ano
passado vendeu mais de 250.000 deles e custam uns módicos seis euros.
Em Frinton-on-Sea (cerca de 4.000 habitantes e uma única
loja de fish and chips) a
municipalidade fechou as duas esquadras da Polícia, os moradores pagam agora
três euros por semana a três homens que fazem o policiamento.
No ano passado foram dispensados 17.000 agentes de
Polícia, este ano serão uns 22.000. Desde 2010 diminuiu em quase 1 milhão o
número de funcionários, os orçamentos das municipalidades sofreram um corte de
50%, em 2020 o aparelho do Estado será comparável ao que era em 1930.
De modo que ao cidadão nada mais resta que
desenrascar-se no inferno deste mundo, sem garantias de que no outro a vida lhe
seja fácil.
Felizmente em Portugal não será assim, tudo aponta para
melhorias.