Curioso, estranho afazer, este alinhavar palavras, deitadas ao ar uma manhã de domingo, para serem apanhadas – se o forem - sabe-se lá por quem e em que estado de alma. Talvez por jovem que se pergunta que sentido, que mensagem, podem encerrar as frases soltas de um estranho. Pode ser que a mulher tenha passado por acaso e, curiosa, as vá ler até ao fim, na esperança de que transmitam uma simpatia, camaradagem, sinais de carinho. Ao indiferente bastará um relancear para saber que prosa desta não é o que procura, e o triste talvez se sinta em demasia abalado para encontrar alívio nas palavras doutrem.
E assim por diante, eu a imaginar estranhos
a ler isto, supondo neles estados de alma, julgando-me capaz de despertar neste
e naquele alguma simpatia, um sorriso ou, melhor do que indiferença, talvez um
benévolo franzir de sobrolho.
Nuvens cinzentas, morrinha, a humidade a
escorrer nos muros, ruas desertas. Numa manhã assim, com que palavras se
recordam os dias de sol?