Nada perdura, e contudo são milhões os que desejam ser
"marca", pouco importando a esta se tem de fotografar o traseiro, àquela
exibir-se topless, um enchendo
de pingentes as orelhas, outro a garantir-se satanista encartado, todos juntos
a viver a ilusão de que os achem únicos, todos juntos esquecidos do dito antigo
que tudo o que é demais aborrece.
Querendo à viva força ser "marca", distinguir-se, afundam-se
eles e elas num pantanal de uniforme banalidade, por vezes nem chegando a gozar
os quinze – ou serão cinco? – minutos de fama que Andy Wharol profetizou,
também ele "marca", também ele irremediavelmente passé, esquecido – Andy Wharol
who? – que de nada adianta a
presunção nem o desejo, a ânsia de eternidade, certo e seguro que até o dia virá
em que as criancinhas perguntarão o que era a Coca-Cola.
A sociedade em geral, e cada um em particular, todos
ganharíamos se, juntamente com o lixo, descartássemos também a presunção de nos
julgarmos únicos. Porque por muito que o repita a lei, a religião, a democracia
e uma outra mãe, nunca o somos. Parecemos. Nem marca ou ferrete nos distingue,
somos poeira e, doa às vaidades, à poeira voltamos.