Quem conhece a dor, a funda, a verdadeira,
não a rima em verso, nem faz dela conto. Dor verdadeira quer ferrolho, negrume,
silêncio, solidão, não grita, desconhece partilha. É azorrague, tenaz de
ferro, punhal rombo que penetra onde o sofrimento deixa de ter nome. Nega a luz,
a esperança, garrote de fino arame estrangula sem pressa. Acorda a memória
de todos os males, não dá tréguas, é cadinho que funde as misérias passadas, as preditas, as devidas, e as que ficam para lá do desespero.
Dor verdadeira nega a morte. É a longa espera pelo fim da maldição.