“São conhecidas as piores nódoas do governo e do regime na actualidade. A crise da justiça vem à cabeça. Gera desconfiança e descrédito. Estimula a corrupção. Incita ao abuso e à fraude. Destrói quaisquer fundamentos morais da vida pública. Se existe desilusão e frustração dos cidadãos relativamente à democracia, é seguramente na falta de justiça e no seu enviesamento. O rol de vícios da justiça, que inclui a impunidade, os favores, o nepotismo e a ineficiência, é enorme e está colado aos casos de corrupção, de branqueamento, de roubo e de abuso de que beneficiam os poderosos da economia, da política e da sociedade. Sem justiça, não há liberdade nem democracia. Com uma certeza que a história nos ensina: os populistas, as ditaduras de direita ou de esquerda e os “justicialistas” nunca brilharam pela liberdade e pela democracia, nem sequer pela justiça. Mas alimentam-se dos defeitos da justiça das democracias.
A incapacidade de conduzir ou a
impossibilidade de acabar um processo judicial contra um grande corrupto ou um
grande corruptor é mais grave para a democracia do que as acções propriamente
ditas do grande corrupto ou do grande corruptor. Os magistrados, os oficiais,
os advogados, os altos funcionários de Estado e os legisladores são mais
responsáveis, pelo declínio da justiça democrática, do que o banqueiro, o
político e o empresário.” Aqui