Bem sei que venho de um tempo há muito passado. Como pertence, nos teus olhos leio a estranheza de que ainda vá pelo meu pé, e pareça não desnortear. Mas desnorteio, e se to digo sei que não compreenderás: a juventude mete-me medo.
As dezenas de milhar que saltam num festival, se agitam em danças de que só os Zulus conhecem a graça, e por única expressão dispensam a palavra, usam o grito, essa juventude assusta-me. Mostra o espírito do rebanho, sente-se bem quando perde a individualidade, é em grupo que prefere divertir-se, são sempre do ídolo as suas canções.
Acalma. Não vou recordar-te as paradas dos soldados da SS -
provavelmente desconheces - as da Coreia do Norte, as de que todos os ditadores
precisam, menos para mostrar quem manda, do que pelo gozo de ver como o rebanho
é dócil.
Negas, irritas-te. Os outros de certeza irão, tu ficas fora do rebanho.
Assim será, mas olha, já nem de pastor precisas: para que saltes basta um DJ e
música enlatada.