Desde que comecei a ler com algum entendimento chama-me a atenção que, de longe a longe, às vezes em grupo, noutras com a forte certeza de quem viu a luz, aparece uma rapaziada a anunciar a morte do romance, ou descartando como ninharia tudo o que se escreveu antes do falecimento.
Formam cliques, agrupam-se em escolas, reúnem-se em capelas, criam modas, depois tudo aquilo passa, fenece, e o romance continua pacatamente o seu caminho, num futuro próximo não se lhe descortina o enterro.
É assim que, em mais de uma altura, me tenho perguntado donde será que lhes vem a birra. Saberão o que o resto do mundo desconhece? Será gente com dons de vidência?
Ao longo de gerações tenho visto como surgem a refilar, para logo depois, tal morrão de candeia, deitarem um fuminho e sumirem em inglório anonimato. Por isso mais de uma vez me tem ocorrido que, empurrados pela universidade, a família, os compinchas, ou então, com aquele ânsia tão nossa, tão portuguesa, de "fazer como se faz lá fora", ressentem uma urgência de dar nas vistas.
Mas darão? Sabe você quem é o rapaz que recentemente anunciou a morte do romance? Ou o outro que pregou o mesmo há dois anos? Ou os avôs desses, que em Maio de 68 juravam que a salvação da literatura era o Nouveau Roman?