De um passado remoto, de vez em quando, com saudade, vêm à tona as histórias da carochinha com que me embalaram na meninice, aquelas da grandiosa nação, com reis justos, valentes e magnânimos, rainhas santas, heróis de lenda, povo contente, os séculos polvilhados de milagres.
Saudade deixam também as da adolescência: as da igualdade e do povo soberano, pão para todos, alegria e sorrisos, o sol a brilhar em permanência.
Douglass North, prémio Nobel da Economia em 1993, divide as sociedades em dois tipos. A sociedade aberta e a sociedade fechada. Nesta última uma elite chama a si o poder e os seus membros beneficiam-se mutuamente, atirando de vez em quando uns favores e umas côdeas ao resto, o suficiente para, se não contente, esse resto se mantenha quieto.
A sociedade aberta distingue-se pela concorrência económica e política, o que permite a proeminência dos talentosos e competentes, tornando-a mais duradoura, eficiente e justa do que a sociedade fechada.
O que eu, se o conhecesse, perguntaria a Douglass North, era que me explicasse o funcionamento de uma sociedade que não é exactamente fechada e onde não existe uma elite - isso é luxo de sociedades civilizadas - mas uma composta de alcateias, ferozes na ganância e cegas de estupidez. E que futuro será razoável esperar duma sociedade desse tipo.