Nascido individualista, de miúdo até hoje não me larga o incómodo da classificação da sociedade. De certeza me classificam os outros algures entre o povo onde nasci e o escalão menor da classe média baixa dos que têm para viver, mas isso é com eles. Cá por mim vou cantando e rindo, tão bem disposto que nem sequer me apetece fazer-lhes o clássico manguito.
Esta madrugada, porém, a passear pela blogosfera quando meio mundo ainda dormia, dei com uma crónica que, num repente, acordou em mim os instintos belicosos e sangrentos dos Sovietes de 1917.
Ignoro a que classe a autora pertence, pois no Portugal pobrezinho mesmo a classe média baixa baixa sempre teve os tostões que pagam uma Maria para fazer a limpeza, as compras, e limpar o cu ao bebé. Mas na minha ideia está num escalão acima, como denuncia a frase que me pôs avesso: "Chegava então o dia em que a senhora resolvia arrumar o mostrengo e com a ajuda da criadagem limpar tudo muito bem limpo…"
A criadagem? Ó santinha! Eu teria mais cuidado com o vocabulário. Não pelo receio de que lhe apareça por aí algum assanhado que leu Marx, mas pelo que põe a descoberto do seu sentir para com o semelhante.