História recordada num jantar. Enredo camiliano, com pai-nobre, ameaças de morte, tiros que por sorte ou de propósito falham o alvo, virgem desflorada pelo "Panças", amante da tia.
O pai, “brasileiro” ricaço, conversa o Adriano, ex-seminarista e desempregado, enche-lhe a carteira a troco da cornadura, abalam os recém-casados para o Recife.
Passados uns três anos estão de volta à aldeia, brasucas no luxo, nos anéis, no falar e nos ademanes. Mas por artes que só podiam ser de Belzebu – como a bruxa de Tabuaço confirmou - o "Panças" reacende na rapariga o fogo da carne, o ex-seminarista apanha-os a copular atrás do quintal.
Grita, vai buscar a caçadeira, aponta, e avisadamente erra a pontaria. Há depois uma troca de murros e arranhões, aos gritos de socorro corre a vizinhança a acudir, escapam os adúlteros à fúria assassina, reza-se uma novena para que não haja desgraças.
Outra vez corno, e com razão descontente, o "brasileiro" chama um táxi que o leve ao aeroporto, chega em cima da hora, tão sortudo que arranja lugar num voo para o Rio de Janeiro. De lá seguirá para o Recife ao encontro do sogro, e por enquanto sai da cena.
O problema agora é do "Panças", porque não tardou a descobrir que a amásia, a "Puta" – como lhe chama – afinal não presta. Não presta na cama, não presta na cozinha, nos arrumos, e como se sente senhora não lhe falem em coisas de gado e lavoura, porque torce o nariz. Habituado a fazê-lo às vacas quando se atrasam, o "Panças" deita-se a ela à cinturada, a pontapé, e o estupor sofre, grita, mas não emenda.
No enredo entra aqui o pároco da vila. Ciente do calvário da desgraçada e dos dinheiros do pai, apieda-se dela, recolhe-a, e por entendimento mútuo não tarda a montá-la - o que se virá a saber por indiscrição de uma das várias "afilhadas" do santo homem.
Este, intermediário experiente e conhecedor das almas, argumenta com as partes, consegue os vários perdões e, final feliz, leva-a de volta ao seio da família no Recife, ao bem-estar e à paz conjugal.
Como se veio a falar do caso? Estávamos ainda à mesa ao fim do jornal das oito, a discutir o juiz Alexandre e os processos que aí vêm, quando alguém disse que tinha visto os filhos da puta na vila.
Houve confusão, não se compreendendo o que poderia trazer os ex-banqueiros, o ex-PM e os políticos corruptos para estes lados. Mas logo se aclarou, pois não era desses que se tratava, mas dos filhos da "Puta", o caso passado nos anos noventa e que os mais novos desconheciam.