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Logo de pequeno muitas vezes ouvi
que os maiores flagelos da humanidade eram, por esta ordem, a Fome, a Peste e a
Guerra.
Com o último cedo me
familiarizei, pois as guerras eram constantes, mas felizmente longe como na
Espanha e na Abissínia. No que respeita a Peste, nascido em 1930 sou do tempo
do tifo, da tuberculose, da pneumónica, da sífilis, da malária, das várias
gripes, e felizmente a todas escapei.
Por muito assassinas e terríveis
que tenham sido nenhuma teve o impacto mundial que a internet deu a esta
última, em que o número de mortos e infectados é utilizado para aterrorizar e
levar à histeria os que receiam a infecção, circunstância que os governos já aproveitam
e exploram, preparando uma sociedade maleável, debilitada, de cidadãos
assustados a viver no receio de que os acusem de não ser solidários nos
cuidados, que sem revolta aceitam já imposições que os rebaixam à categoria de
títeres, e escassos três meses atrás pareceriam impensáveis, tanto pelo ridículo como pelo absurdo
da imposição.
Quem, em Fevereiro passado,
aceitaria que lhe tapassem a cara? Que lhe espetassem um termómetro? Que lhe
proibissem todas as manifestações de carinho, amor e ternura? De se aproximar
dos que lhe são queridos? Que tivesse de provar a sua saúde antes de entrar no
café e no restaurante? De se se manter afastado dos seus amigos?
Receio bem que as imposições
decorrentes desta Peste vieram para ficar e preparam o caminho para outras mais
severas. Mas talvez elas sejam apenas um compasso de espera no aguardo do
terceiro flagelo.
Ai de nós, então, quando a Fome
nos fizer desejar o tempo do coronavírus.