Editorial de José Carlos de Vasconcelos no JL de hoje:
"Para
esta edição tínhamos preparado um Tema (...) no qual aceitaram colaborar todos,
de várias partes do mundo, que para o efeito convidamos. De várias partes do mundo?
Sim, porque pedimos a escritores portugueses ou de língua portuguesa, ou a
figuras muito ligadas à nossa cultura, que numa crónica ou testemunho nos
dessem a sua visão da situação vivida, no que se refere à Covid-19, nos seus
países de nacionalidade e/ou residência. E nos contassem a sua própria
experiência pessoal. Cada um desenvolvendo mais um ou outro aspeto, e
abordando-o como muito bem entendesse.
Todos (cor)responderam, repito, e os leitores já ficam a saber qual o
principal destaque da próxima edição. E porque não desta? É óbvio: em meados da
semana passada morreram dois grandes escritores, um de língua portuguesa, o
brasileiro Rubem Fonseca, Prémio Camões em 2003, e outro de língua espanhola,
chileno universal, ainda por cima ambos tão lidos e tão ligados a Portugal; e
desapareceu ainda uma das mais prestigiosas cientistas portuguesas, ao mesmo
tempo uma mulher com notória intervenção científica e cultural, de múltiplos
interesses e talentos, inclusive como autora de livros e poeta. Assim, como
podíamos deixar passar quase três semanas após as suas mortes para nas nossas
colunas falar dos três e suas obras? Dando-lhes o maior relevo possível, dentro
da nossa asfixiante falta de espaço.
Em consequência, adiamos a publicação daquele Tema - que infelizmente não
perde atualidade... - e fizemos o melhor para nesta edição não 'desmerecer' das
figuras agora desaparecidas".