Há daquelas horas que não são de
medo ou confusão, só de apatia e desengano, cheias de interrogações, de
névoas, a pressentir males e contratempos para amanhã, como se dentro de nós
vivesse um profeta ermitão que tudo sabe do escuro da existência e nos sussurra
que não há motivo de esperança, que não adianta sonhar, fazer planos, o caminho
está traçado desde o nascimento à sepultura. Avançamos nele iludidos de irmos
pelo nosso pé, e bem é que assim seja, porque nos sentiríamos infelizes se
víssemos que nos empurram.