Foi o acaso de procurar um livro
e cair da estante o que estava ao lado, descobrindo pelo que anotei que o li
pela primeira e única vez em Fevereiro de 1972, data em que o meu alemão estava
menos enferrujado do que agora: Parerga und Paralipomena, kleine
philosophische Schriften de Arthur Schopenhauer.”
É livro que pode divertir, mas de
que nestes tempos não se recomenda a leitura, pois abre com o capítulo “Nenhuma
mulher presta”, dezasseis páginas de rabiosa misoginia.
Logo de entrada cita Juan Duarte y Navarro (1529-1588) que no seu Examen
de ingenios para las sciencias escrevia: “La compostura natural, que la
mujer tiene en el cerebro, no es capaz de mucho ingenio ni de mucha sabiduria…
Quedando la mujer en su disposición natural, todo genero de letras y sabiduria es
repugnante a su ingenio… Las hembras (por razon de la frialdad y humedad de su
sexo) no pueden alançar ingenio profundo; solo venemos que hablan con alguna aparencia
de habilidad, en materias livianas y fáciles.”
Deita depois mão de Rousseau, que afirmou: “Les femmes, en général, n’aiment
aucun art, ne se connaissent à aucun, et n’ont aucun génie » para
continuar com Byron em 1821: « Thought of the state of women under the
ancient Greeks – convenient enough. Present state, a remnant of the barbarism of the chivalry and
feudal ages – artificial and unnatural. They ought to mind home - and be well
fed and clothed – but not mixed in society. Well educated, too, in religion –
but to read neither poetry nor politics – nothing but books of piety and
cookery. Music – drawing – dancing – also a little gardening and ploughing now
and then.”
Fico-me por aqui, não vá acontecer
que alguma tonta passe por estes lados e me associe a Schopenhauer. Já tem
acontecido, e pior.