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É raro, porque evito incomodar, mas quando as incertezas me
toldam o entendimento, acontece pedir a pessoas com quem tenho intimidade, e
cuja opinião aprecio, que me esclareçam sobre um ou outro aspecto dos meus
escritos.
Daí sempre tiro proveito, talvez tanto ou mais do que,
por elogiosa que seja, me vem da crítica profissional.
Todavia, o caso agora é que, tornado figura pública, e a
internet facilitando em demasia o contacto, o escritor se vê alvo de opiniões
que não pediu e, bem pior, lançam uma estranha luz sobre alguns dos seus
leitores.
Assim recebi eu há tempos o e-mail de uma senhora que me
censurava por lhe parecerem "fininhos" os livros que escrevo, e que
neles "a história acaba logo, nunca se fica a saber mais", insistindo
em recomendar que no próximo tome essa falha em consideração.
A uma outra incomoda-a a escassez de diálogos. "Nos
dois livros seus que li quase não há diálogos! E eu gosto de diálogos, porque
se ouve o personagem falar".
Remédio não conheço, paciência tenho muita, recordo
Sinatra e canto My Way.