(Clique)
O vizinho sofre? Nem o conhecem ou passam de largo. Mas há
desastre, atentado, fotógrafos e televisões, correm em massa, já com ramos de
flores, velinhas acesas, bandeirolas, o
giz e o telemóvel, escrevem "Je suis
Charlie, Nunca vos esqueceremos, No
pasarán, O amor vencerá, Não temos medo…"
Fotografam, fazem selfies
para a posteridade. Em Paris cantam a Marselhesa,
mas a Brabançonne não serve, nem nunca
a ouviram.
Dois dias passados, o que lhes dá tremuras é que demore a
haver nova tragédia, uma que os poupe, mas lhes ofereça a ocasião de ir abraçar
estranhos, escrever afectos no chão, dizer que testemunharam.