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A luta de classes, terrível, silenciosa, envergonhada, a que se sente na pele e Marx não estudou, mais dramática do que a das sociedades, rebenta em silêncio nas famílias em que os pais, com sacrifícios, privações, aceitando vergonhas, conseguiram elevar os filhos ao patamar social que para eles tinham sonhado, e descobrem pouco a pouco, noutras ocasiões a modos de bomba que explode, que traziam o inimigo nas entranhas.
Ao acaso das conversas, em momentos de fraqueza e
desespero, ouvem-se então confidências
que arrepiam, meias palavras que encerram tanto drama como os clássicos do
teatro, vemos os olhos humedecer-se, não de lágrimas, mas de espanto e das indizíveis
dores da alma.
Nada custa imaginar tragédias, distrai o vivê-las confortavelmente
diante da televisão, mas ai de nós
quando um pai ou uma mãe, sentindo que o fim se aproxima, nos toma por
confessor.