Há algo de insólito e injusto nos momentos de grande felicidade. São intransmissíveis, desconhecem a partilha, as palavras com que se tentaria descrevê-los ficam aquém. Resultam, de facto, numa forma de solidão e abandono, como se a grande felicidade tivesse por único fim deixar aperceber uma réstia de esperança pela existência de algo mais elevado do que a condição humana.
Pede recolhimento, pudor, traz consigo a
visão da nossa incrível pequenez, e ao fazer-nos
melhores deixa-nos desamparados.
Sermos medianamente
felizes, balançando entre um pouco de sofrimento e um pouco de satisfação, é
mais conforme com a nossa natureza.