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Com a idade vai acontecendo menos, mas continua a ser ratoeira em que caio com ingenuidade de criança: pedem-me conselho, perguntam-me o que penso disto e daquilo, juntam um agradável sorriso, e eu cego para o perigo da mola, só vejo o pedaço de queijo, quando dou por mim é tarde, está o coração perto da boca a debitar a resposta.
Sinceridade que ao interlocutor nada
interessa, nem é seu desejo ver apontadas as falhas, as deficiências, a soberba
que o faz descarrilar.
Desculpe quem isto por acaso lê. Não deixe que o meu
azedume faça contágio, nem me imagine com fúrias e a bater o pé, arrenegado com
o semelhante. Nada disso. Ainda há instantes, o sol a nascer, quedei-me à
janela a olhar o monte fronteiro, recordando os meus sonhos de criança, a
alegria que me dava imaginar os mundos que de certeza havia para lá do cume.
Tudo são horas, derrapagens da alma, variações de humor.