(Clique)
Para a estreia, ontem,
foram cento e dez mil os holandeses que correram a ver 50 Sombras de Grey, mas numa tão desmesurada percentagem de
mulheres que um bom número de cinemas organizou exclusivas Ladies Nights, deixando
os homens de fora.
Bom proveito a todos os
que, incapazes de imaginação ou sem coragem de se assumir, precisam de sonhos
de empréstimo.
Recordando: na Paris da
minha juventude havia na Rue d'Anvers uma modesta livraria com um pequeno
estoque de literatura erótica. A proprietária e a empregada, ambas à volta dos trinta, observavam
discretamente a pinta de quem folheasse as obras do Marquês de Sade ou se
detivesse nas edições ilustradas de Belle
de Jour, Vénus dans le Cloître, Le Jardin des Suplices e semelhantes. Se
a impressão fosse positiva faziam saber com inteligentes rodeios que, homem ou
mulher, o interessado encontraria no primeiro andar os atributos precisos para satisfazer as suas fantasias e, à
escolha, uma delas desempenharia o papel desejado.
Fiz uma reportagem que me
pareceu sensacional, infelizmente ninguém a quis publicar. Nada ganhei, mas
pude dar uma olhadela num mundo genuíno que me deixaria sem curiosidade para as
imitações no género 50 Sombras de Grey.