(Clique)
Dias atrás, na estação de Leiden, ao ver um saco de
plástico num poste de iluminação alguém deu alarme. Pararam os comboios,
evacuou-se a estação, correu todo o aparato policial e militar, veio a
aparelhagem para desmontar a bomba. Ao fim e ao cabo era apenas uma gracinha de uma agência de publicidade, que se
tinha esquecido de avisar o público. Os milhares de pessoas que a gracinha
perturbara foram à sua vida, talvez com pena de não verem compensada a
expectativa do medo que tinham sentido.
Ontem à noite éramos milhões a aguardar o jornal das oito
horas. Apareceu no ecrã o aviso de que, devido a circunstâncias, não podiam
transmitir o noticiário. Passaram-se minutos, a Holanda em suspenso, demorou
mais de uma hora até que se soubesse que um jovem tinha entrado nos estúdios de
pistola em punho, exigindo dez minutos de tempo de antena.
Os porteiros ouviram calmamente o rapaz, levaram-no com
bom modo e sangue-frio para um estúdio vazio. A pistola era brinquedo de
plástico que ele, ao ver a polícia chegar logo atirou ao chão. Calmo e bem
educado explicou a pacífica vontade que tinha de que a nação o ouvisse. Demorou
até esta manhã que se lhe soubesse o nome, Tarik Zahzah, que os jornais ainda
escondem não vá alguém acusá-los de discriminação. Tem dezanove anos, é um
bocadinho destrambelhado.
Novo falso alarme, graças a Deus desta vez a nível
nacional. Mas o que todos esperamos teima em não acontecer: a bomba que mate
uma centena. Uma centena doutros, bem entendido, e a nós nos deixe em boa saúde,
para que se continue a discussão sobre a melhor maneira de vivermos harmoniosamente
com os que sonham em impor o califado.