sexta-feira, janeiro 30

À espera da bomba

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Dias atrás, na estação de Leiden, ao ver um saco de plástico num poste de iluminação alguém deu alarme. Pararam os comboios, evacuou-se a estação, correu todo o aparato policial e militar, veio a aparelhagem para desmontar a bomba. Ao fim e ao cabo era apenas uma  gracinha de uma agência de publicidade, que se tinha esquecido de avisar o público. Os milhares de pessoas que a gracinha perturbara foram à sua vida, talvez com pena de não verem compensada a expectativa do medo que tinham sentido.
Ontem à noite éramos milhões a aguardar o jornal das oito horas. Apareceu no ecrã o aviso de que, devido a circunstâncias, não podiam transmitir o noticiário. Passaram-se minutos, a Holanda em suspenso, demorou mais de uma hora até que se soubesse que um jovem tinha entrado nos estúdios de pistola em punho, exigindo dez minutos de tempo de antena.
Os porteiros ouviram calmamente o rapaz, levaram-no com bom modo e sangue-frio para um estúdio vazio. A pistola era brinquedo de plástico que ele, ao ver a polícia chegar logo atirou ao chão. Calmo e bem educado explicou a pacífica vontade que tinha de que a nação o ouvisse. Demorou até esta manhã que se lhe soubesse o nome, Tarik Zahzah, que os jornais ainda escondem não vá alguém acusá-los de discriminação. Tem dezanove anos, é um bocadinho destrambelhado.
Novo falso alarme, graças a Deus desta vez a nível nacional. Mas o que todos esperamos teima em não acontecer: a bomba que mate uma centena. Uma centena doutros, bem entendido, e a nós nos deixe em boa saúde, para que se continue a discussão sobre a melhor maneira de vivermos harmoniosamente com os que sonham em impor o califado.