Só por si, o existir dá uma trabalheira desproporcionada. Mesmo depois de noite bem dormida, mal se abrem os olhos é logo diante deles uma exagerada lista de rotinas e obrigações, tarefas, urgências, telefonemas, mails, encontros, promessas a cumprir, visitas a fazer, gente a aturar.
Nada de estranho, pois, que ao abri-los, e
tomando consciência do que nos espera, a reacção natural seja de cerrá-los,
virar para o outro lado, cobrir a cabeça com o edredão, e tentar o regresso ao
descanso que o sono dá.
Parece masoquismo, tirarmo-nos do quente e
irmos enfrentar o dia, sabendo de antemão que serão menos as alegrias que os
aborrecimentos, e o ganho talvez não cubra o gasto. Mas enfim, cá nos puseram,
por cá andamos, vamos indo e tropeçando, o remédio é aguentar. Mas que custa,
custa.