segunda-feira, dezembro 3

Segunda-feira



Passou um quarto de século, mas a recordação permanece. Durante a minha vida activa os momentos de verdadeiro descanso eram da sexta à tarde ao sábado à noite.
Por muito que fizesse, o domingo era o sombrio preparo da semana que ia chegar e, as mais das vezes, na manhã de segunda arrastava-me para o calvário, em disposição parecida com a de Jesus Cristo sentindo o peso da cruz.
Desse fardo há muito me libertei, o que não impede que, vezes sem conta, nas manhãs de segunda-feira o meu pensamento vá para os que se arrastam, como tantas manhãs me arrastei, para um trabalho que tinha sido vocação e se tornara suplício.
Peço então ao Todo Poderoso que, como o fez comigo, se compadeça, e lhes dê força para aguardar a tarde de sexta-feira.