Cá estamos então, manhã de segunda-feira, olhos no longe, o pensamento rodando em torno da morte da bezerra.
Um desejo vago de que seria bom ter muito poder, e com ele melhorar o mundo, curar os doentes, valer aos aflitos, pôr em ordem o que está torto, distribuir esperança e alegria, ordenar o milagre de sol na horta e chuva no nabal.
Enfim, sonhos de soberania, tentando, seja ele por instantes, escapar ao diário, à obrigações, à rotina doméstica, telefonemas a fazer, desculpas a inventar, promessas que aborrece cumprir.
Quero voos, e sei-me preso a um rosário de miudezas, do que me dou conta lavando as xícaras do pequeno-almoço.