Com a reforma garantida, a poupança a salvo, isto são apenas números, abstracções com que nada tenho a ver. Deveria anotá-los com o desprendimento dos que da praia assistem, e dão graças de terem desembarcado do Costa Concordia em que Portugal se tornou.
Todavia, são números que me retiram a paz da alma e continuam a revoar na cabeça, profetizando para a minha gente amarguras, sofrimentos e tempos negros.
Desconhecia, mas aprendi: não são os gregos os mais pobres, somos nós, com um PIB de apenas $ 21.000 contra os $ 26.000 do deles. Traduzo um assustador parágrafo: "Se bem que o governo grego tenha recebido avultados empréstimos de dinheiro e o tenha esbanjado, os consumidores gregos e as empresas mostraram-se relativamente constrangidos. Os portugueses não. Segundo números do Bank of International Settlements, o total da dívida portuguesa ascende a 479% do PIB (comparada com 296% para a Grécia). Ou seja, 783 biliões de euros para Portugal e 703 biliões para a Grécia."
E os bancos europeus têm $ 244 biliões em aberto em Portugal, contra $ 204 biliões na Grécia. Quem vai pagar? Quem acredita no perdão de dívidas?
Tivemos a pimenta da Índia, dois anos de volfrâmio, um quarto de século a comer fiado e, como povo, continuamos duros da cabeça, confirmando o ditado de que burro velho não toma andadura.
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Agradeço parte do susto ao Eduardo Pitta.