"Ninguém nega o seu mérito em retirar o país da ditadura e da miséria".
Leio isto no artigo referido aqui, e mais uma vez, ao longo de trinta e tal anos, me pergunto porque será que as pessoas insistem em ignorar os factos, ou que raio de sentimento os leva a erigir pedestais.
Leio isto no artigo referido aqui, e mais uma vez, ao longo de trinta e tal anos, me pergunto porque será que as pessoas insistem em ignorar os factos, ou que raio de sentimento os leva a erigir pedestais.
Teve então o senhor Mário Soares o mérito de retirar o país da ditadura e da miséria? Não será antes que o senhor Salazar queria manter o que não podia, levou o pobre Portugal à bancarrota, e os senhores banqueiros, industriais e quejandos, acharam que iam perder o comboio do Mercado Comum e da CEE?
Mandou-se fazer a revoluçãozita, puseram-se os títeres a representar de estadistas, veio a esmolinha, e quando se abriram os cofres abonados da União Europeia o senhor Mário Soares, digno representante do chico-espertismo nacional, anunciou que se iria chupar bem aquela teta.
Chupou-se.
Libertou-se Portugal da ditadura, não pelo talento da firma Mário Soares & Partners, antes pelo interesse daqueles a quem, no contexto da economia europeia, o regime obsoleto incomodava os planos. Da miséria é que ainda a ninguém apeteceu libertá-lo. Tão-pouco vejo pressa de que se escreva a História de Portugal desde 1962. Dá mais sossego manter a fase dos mitos e da admiração.