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Poucos lugares em Portugal me causam a melancolia das bombas da gasolina.
A paisagem é diferente, o ambiente outro, uma onde com frequência me abasteço leva a palma à do quadro de Hopper.
Cena de poucas variantes. No bar uma rapariga olha absorta a máquina do café. Homens encostados ao balcão. Um folheia o jornal. No tecto, por cima da têvê gigante, o brilho azulado da lâmpada mata-moscas. Um automático de cachorros-quentes, outro de barras de chocolate, gelados, o da Coca-Cola. Casais que vêm para a bica depois do almoço. Fizeram de carro o meio quilómetro que os separa de casa e saem com um ar fatigado de grande viagem. Batem as portas. Apagam os cigarros.
- Onde está o Gomes? – pergunta um tractorista.
A bomba dispara, mas a mulher espreme mais uns cêntimos. Finalmente recolhe a mangueira e, sem me encarar, diz que são quarenta e dois euros.