Soubesse eu calar. Soubesse eu pôr mais vezes freio à pressa que me toma de dizer o que penso. Fosse eu capaz de travar as palavras antes que elas, como agora, saindo-me da boca, ricocheteiem que nem balas de borracha contra a alma da pobre que tenho defronte, e que, tomada de surpresa, em vez de se defender deixa cair as lágrimas.
Dá-me pena, se bem esteja ao corrente de que mulher tem o pranto fácil, desculpo-me, falamos doutra coisa.
Passamos à fase dos sorrisos, mas bem é que lhe seja impossível ouvir o zunzum do diálogo que sobre ela, em simultâneo e noutra dimensão – No cérebro? Na alma? – mantenho comigo mesmo. É bom também que não veja a radiografia que de lá sai.
Porque ó senhores! Ó pais! Ó namorados e maridos de mulheres assim! Como é que aguentam?
Foi ontem, mas continuam a ressoar-me aos ouvidos – e não só - os Fuck you! e os Oh my God! dos filmes e da bacoquice. Fecho os meus, mas continuo a vê-la revirar os olhos como se fosse da televisão. E a fazer beicinho. E a dizer asneiras. A confessar que se ele quisesse "fodia com o Banderas".
Fodia! Dá a impressão de atirar aquilo em maiúsculas, talvez para que eu me dê conta de quanto é moderna, ou a ver se me choca. Não choca. Em choque ficaria ela se soubesse como me mantenho up-to-date.