Bom-dia a todos. Importam-se de fechar a porta?
Vamos hoje tratar do orgasmo. Por duas razões. Uma prática: como sabem, nos media tradicionais o sexo sempre foi, é, continuará a ser, o grande propulsor de receitas e lucros. Na blogosfera, porém, o que aqui nos interessa, embora não se ponha nela a questão de dinheiros, um bico de seio, cópula grosseira ou estilizada, relato de orgia, amor lésbico, enrabanços no seminário, Pégasos a desflorar meninas, tudo o que toque o mais fundo dos impulsos humanos resulta num sensível, por vezes mesmo extraordinário, aumento do número de visitantes , links e referências.
A segunda razão é pedagógica. Creio que para sossego do corpo, e mais ainda do espírito, há necessidade de descontruir a noção do orgasmo. Longe de mim pretender negar o fenómeno a que os franceses tão subtilmente chamam le moment suprême. Infelizmente, se há dele testemunhos são inexistentes as estatísticas, anda o mundo fiado no delírio de escribas que, no correr dos séculos, compensam a sua impotência e a ignorância do assunto com delírios da imaginação.
Porque vamos lá ser francos: mesmo que em todos viva a ânsia de atingir o zénite, sabe a maioria que subir a essa altura é dado a poucos. E assim, infelizes os que nesta manhã dominical, hora propícia às lides matrimoniais, gritam e roncam a sua ilusão. Porque o orgasmo, o genuíno, diz quem sabe, é todo do íntimo, um clarão interior, raro, perfeito, secreto, indizível como todos os milagres.
Passem bem. Deixem a porta aberta.