Por vezes, muitas vezes, é assim. Não há assunto, nem o que os poetas chamam inspiração, nem desastre ou maleita que valha a pena relatar.
O escuro lá fora é mesmo escuro e a vintena de lanternas, se tantas, pouco mais faz que deixar aqui e ali uma modesto claridade. Igual a este escuro é o silêncio. Passassem Simon e Garfunkel por aqui, iriam dar-se conta de que valeu a pena compor assim The Sound of Silence. Porque este nosso, quando nem os cães ladram, é dos que mergulham a alma numa escuridão que luz nenhuma alivia. A escuridão má. Aquela que nos torna cegos para tudo, mesmo para a certeza de que amanhã, com a aurora, vai haver claridade.