domingo, junho 9

A toque de Caixa

 

O assunto é pessoal, mas atrevo-me a tratar dele aqui, porque em situação idêntica se devem encontrar dezenas, talvez mesmo centenas de milhar de cidadãos que, mal passam os oitenta anos de vida, entram na categoria dos incapazes ou fracos de espírito, que de uma maneira ou doutra têm de ser protegidos, não só das maldades do mundo, mas da incapacidade que mostram em funcionar com suposta simples e eficiente geringonça de passwords, códigos, fórmulas, sites, programas, links, sobretudo a tão moderna  Caixa Directa, com um verdadeiro e complicado manual de instruções, explicações, sugestões. E caso o velhinho ainda não entenda – há os gentis robots, assistentes programados para fazer o  melhor que podem, mas simplesmente tornam o contacto mais complicado, com entremeios que, para que se lhes possa compreender o significado, exigem um post-doc em informática.

Em desespero vai-se então pessoal de carne e osso da filial e esses, na minha experiência, primam pela cortesia, cuidado, atenção e paciência, mas uma vez chegados ao que, em tempos idos, tão apropriadamente se chamava o “ponto de rebuçado, eles próprios concedem que a dificuldade os ultrapassa.

Assim, pois,  vivendo na Holanda e de momento regressado ao jardim do mar plantado, por muito que satisfaça os mandamentos, preencha os códigos, as fórmulas e siga as instruções, o meu acesso à pretenciosa e exageradamente denominada Caixa Directa, continuo sem aceder aos meus tostões.

Cunhas não tenho, missas não vou pagar, faço planos para uma manifestação defronte da sede, esperançado de que, aborrecidsos com a barulheira (seremos muitos) os senhores e/ou senhoras responsáveis pela dita engrenagem, a ponham a funcionar a toque de Caixa.