terça-feira, dezembro 6

Parabellum


 

Diz que mata mas não mata, é só para mostrar a pistola e fazer de valente. Diz que desconfia. Que se um dia os apanha juntos acontece uma desgraça. Mas aquilo não é ele, é o vinho a falar. Aliás, mulher como a que tem, estafermo de más ventas e mau feitio, nem o Diabo a aceitaria de presente. Cobiçá-la? Só se algum tarado.

Encontro-o na serralharia. Encontro-o às vezes encostado ao portão do cemitério, ou a caminhar para lá para cá na arcada da Câmara. De longe a longe no café. Escolheu-me para confidente do seu desatino e é por isso que, mesmo de longe, assim que me vê bate uma pancadinha no bolso das calças onde a pistola avulta. Uma Parabellum sem carregador.