Já era difícil quando sabíamos menos uns dos outros e as novidades
demoravam, hoje é de desorientar. Espicaçam-nos para que nada percamos – "Siga
as notícias no momento em que acontecem!" – criando a ilusão de que não há
vida se não nos mantivermos ao corrente, se nos desinteressarmos do tremor de
terra no Punjab, do surto de gripe no Japão ou da queda nos preços do petróleo.
Querem que tudo nos interesse, e raro estivemos tão desinteressados,
capazes apenas de surtos de entusiasmo, perdidos no superficial, no efémero,
sem fôlego para acompanhar as modas, as tendências, as correntes, possuir os must-have de que nos asseguram que sem
eles não há vida que valha a pena.
Os casos de assustar, as tragédias, as grandes calamidades,
tudo entra na categoria do transitório, acontecem no agora, mas no momento em
que nos damos conta já pertencem ao antes.