sábado, setembro 17

Amigos, amigos...

 

Questão de boas maneiras, empatia, concordância de opiniões, num primeiro contacto oferece-se-lhes aquele intimidade espontânea que vem do coração. Alguns compreendem-no, reagem do mesmo modo, e assim nascem, senão amizades, pelo menos aquelas relações que tornam agradável a vida em sociedade. Outros, porém, vêem na simpatia que inesperadamente recebem uma tibieza e, talvez por instinto animal, logo em coisas diminutas dão mostras de nos quererem torcer, dominar. De começo envolvem as suas manipulações em sorrisos e cortesias, mas à medida que avançam permitem-se umas gotas de veneno, uns toques de sarcasmo, um arranhar de unhas. Até que ousam passadas mais largas: escreveste isto, era melhor teres escrito aquilo; fizeste assim, devias ter feito assado... É o momento de travar e, porque sempre vão longe demais, da irremediável separação. - Mas vocês eram amigos! - Penso que não. A verdadeira amizade pressupõe ingenuidade e igualdade.