A política é a arte de em vários planos alcançar poder e proveito, nela se movendo uma infinidade de personagens. Poderão os ditadores estar no topo, mas abaixo deles é longa a lista dos que, espertamente cautelosos, sabem alcançar poder e proveito, evitando o destino de um Saddam Hussein. Se por acaso lhes vemos o rosto, raro nos damos conta da influência que exercem sobre as nossas vidas, ou de como decretam até que ponto apertar o nó, de maneira a que continuemos a respirar, mas receando que de um instante para o outro nos falte o ar.
Poderá um ou outro ser apanhado com a boca na botija, mas esses só são interessantes como notícia e logo esquecidos, caso haja inundações ou um avião caia ao mar. Os que devemos temer e jamais veremos atrás de grades, são os artistas de topo na prestidigitação, que roubam dando ideia de nos favorecer. Num tempo mais sereno o lucro das companhias de electricidade revertia para o Estado, mas hoje a maioria é privada e tem por alvo o máximo benefício dos accionistas.
Como esse interesse particular se dá bem com o medo que causa o suposto aquecimento do planeta, promova-se então a energia eólica, que oferece o duplo benefício de, além de “verde”, ser fonte de colossais subsídios que vão parar às mãos daqueles que, por serem ricos, dispõem dos instrumentos que lhes permitem encaixá-los. Na Holanda, onde vivo, os lavradores recebem 30.000 euros líquidos por cada eólica que instalam nos seus campos, subindo a milhares de milhões a importância necessária para subsidiar as energias “verdes e limpas”.
Ora como o dinheiro não é de geração espontânea, há que ir buscá-lo aonde se encontra como que à mão de semear, simplesmente aumentando o preço e os impostos sobre a maléfica energia “suja”.
Curiosamente, todos os partidos, ferrenhos que são na defesa do meio ambiente, escamoteiam a realidade de que na Holanda, nos últimos dez anos, e mau grado os desproporcionados subsídios às empresas geradoras de energia “limpa”, as emissões de CO2 aumentaram 2%, enquanto na Europa diminuíram 25%. Também dá que pensar o facto das confederações patronais apoiarem a entrada no futuro governo do partido “Groen Links” (bizarra coligação da extrema esquerda, dos “verdes” e dos comunistas).
E é de facto como está no artigo donde tirei alguns dados: “Os fornecedores de energia “limpa” não cumprem, mas encaixam, e por recompensa receberão mais subsídios, para mais moinhos, sendo a conta apresentada às classes baixa e média. Alucinante.”
Estava isto alinhavado, vem um abaixo-assinado de nada menos que noventa catedráticos, a aconselhar que para lá das verbas já calculadas, se reservem ainda duzentos mil milhões de euros para mais moinhos. É alucinante é, mas há tanto e tão bom dinheiro a ganhar com o vento.