Bem me apetecia ironizar, mas sobre quem? Sobre quê?
Sobre o histriónico rústico que, às gargalhadas de vinho, põe a mulher e as dos amigos a beber por aquelas canecas de barro que têm um falo por bico e testículos no bojo?
Sobre o patego que caminha curvado, a olhar de esguelha, a falar em cicios, nunca uma opinião, nunca uma atitude, desconfiado até da própria sombra?
Sobre a poetisa de minissaia, escanzeladas tíbias, feitora de maus versos e pior prosa, que parou o tempo e vive em meados do século passado?
Sobre o tolo que discute cilindradas e "bólidos" vintage"?
Sobre o turista que só viaja para lugares exóticos, sem turistas, onde os indígenas vivem numa simplicidade bíblica, a comida é pura, e tudo barato?
Sobre o
comércio e as Letras? Sobre o escritor (holandês) que calça sapatos vermelhos
como marca registada, se descobriu apaixonado pela filha, e escreveu um
romance, detalhando o seu desejo de
"...violar e matar. Não! De matar e então possuir!"?
Sobre a melancolia dos corpos estirados ao sol numa praia?
Sobre as tardes de sábado?